Tempo que arde

Vivemos como quem invade
a montanha do tempo,
subindo, a vencer.
Vivemos pois aqui nasce,
antes do sol, novo amanhecer.

Vivemos hoje no alarde
de um novo tempo, no vento a bater.
Firme no intento e nunca covarde,
vem ver de perto seu resplandecer!

Bem vivo, aqui, chega tarde
quem se levanta sem tempo de ver
o tempo que chega e que cedo te invade;
Esteja já pronto pro tempo correr!

No embalo das águas da mente

Da mente derramam palavras
como um rio deságua corrente
se não podemos dizer quase nada
palavras escorrem latentes
letras em forma de água
fluindo da mente da gente

Como a palavra bendita é arma
se não se fala mais nada de frente
brotando libertas palavras
a alma elevada não mente
sem toda censura ou ressalva
de dentro, aflora o que sente

cantando palavras bailadas
bailando um cantar consequente
sou letra que dança nas águas
nas águas do embalo da mente

Pombos na Calçada

O vento 
soprou
no taxi
aquele
resto
de tudo
sobrou
mais
nada
dobrado
em papel
na carta
foi-se
toda
só
ficaram
sós
os pombos
na calçada
o acabou 
com Porta
malas. 
ruma, nada.
Quem chorou,
fora a guitarra?

Cinza voz, transparecer de luz.

Qual dor não passa?

Clamor-fumaça,

pavor embaça

às vistas. Feres.

Com'passo falso,

desmoronado,

equilibrado

em quedas. Breve.

Aflito, armado,

só, engasgado,

amígdalado nó.

Cego, segues.

Dai transparência

à eloquência.

À'deus: ausência.

Em voz nos leve, leves.

Milagre além da vida.

Pra que voltar
passad[a] vida
vivo amor
a morrer.
Se podemos
passad[a] morte 
vivo amor
renascer.
Além da vida,
Maior Milagre:
Reviver.

Fim de Affair Napolitano

Com o Sorvete Napolitano
terminei meu affair.
Três sabores pra adorar
é demais pra uma mulher.
Creme, chocolate e morango
numa mesma colher?
Alguém vai terminar sobrando,
vai dizer que não é?
Prefiro ou creme ou chocolate,
já que morango o Zé tomava
quando a gente namorava.
Napolitano bem-me-quer.

Cantiga de Amigo

CENSURADO EM NOME DA PAZ MUNDIAL.